Número de empregados cai, enquanto aumenta uso de tecnologia no campo

03/08/2018

Dados preliminares do Censo Agropecuário 2017 foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, na quinta-feira (26). Os números retratam uma realidade cada vez mais visível no campo: o uso crescente de máquinas e equipamentos, a redução nos postos de trabalho e de jovens residindo na zona rural.

Enquanto o número de tratores aumentou quase 50% no Rio Grande do Sul, chegando a 242 mil em 2017, em Palmeira das Missões, a variação na aquisição de tratores chegou a 18%, superando a marca de mil unidades. “Os programas governamentais de estímulo a renovação da frota agrícola neste período, entre os quais o “Moderfrota - Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras” e o “Programa Mais Alimentos”, que resultaram em linhas de crédito a juros subsidiados podem explicar este desempenho”, afirma o doutor em ciências agrárias e professor da Universidade Federal de Santa Maria, campus Palmeira das Missões, Nilson Luiz Costa.

Enquanto aumentou o número de tratores, caiu o número de pessoas ocupadas no campo. No Rio Grande do sul foi de 1,89 milhão para 0,98, e em Palmeira caiu de 4646 para 3366. “Contudo os condicionantes deste processo ainda devem ser estudados, pois a decisão de migrar do campo para a cidade envolve diversas variáveis, como segurança, busca por qualificação (estudo), infraestrutura, qualidade de vida, entre outros”, analisa o doutor quanto à questão de que a queda no número de postos de trabalho estaria diretamente ligada ao aumento no número de tratores. Os dados do Censo ainda comprovam o quão difícil é manter a juventude no campo, pois no Município de Palmeira das Missões, em 2006 eram 216 agricultores com idade até 35 anos, enquanto em 2017 são apenas 30 com menos de 30 anos. 

Em Palmeira também identificou-se uma queda de 38% no número de estabelecimentos agropecuários, de 1604 em 2006 para 1155 em 2017, o que evidencia um processo de elevação na concentração de terras. Também, verificou-se redução na área total em 10% (12.330 hectares), “o que pode estar associado a recuperação de áreas, sobretudo após o advento do Cadastro Ambiental Rural e do Plano de Recuperação Ambiental instituídos pelo no Código Florestal, mas esta é uma questão que ainda deve ser estudada”, afirma o professor.

 

TEXTO: CAMILA SCHERER – GRÁFICO FONTE CENSO AGRO 2017