Pré-candidatos à Prefeitura de Palmeira das Missões falam sobre o futuro da cidade em encontro no Simpam
19/07/2024

Na noite de quarta-feira, 17, o Sindicato dos Municipários de Palmeira das Missões (Simpam) realizou um encontro com os pré-candidatos à prefeitura do município. Presentes no evento, os pré-candidatos Claudio Mineiro (PSB) e Karin Uchôa (PP) discutiram uma série de temas fundamentais para o futuro de Palmeira das Missões, entre eles, agricultura, infraestrutura, educação, saúde e serviços públicos. A ausência do atual prefeito e também pré-candidato, Evandro Massing (PT), foi notada, mas os debates entre os presentes trouxeram à tona as principais preocupações e propostas para o município.
Objetivo do encontro
O encontro não foi um debate tradicional, mas sim um processo de escuta organizado pelo sindicato. “O objetivo do encontro era ouvir os candidatos. Não foi um debate, mas um processo de escuta que realizamos. Haverá outros encontros para debater algumas propostas. Nós, junto com o sindicato dos Funcionários Públicos e as entidades parceiras, queremos apresentar uma proposta para o plano de governo dos candidatos e estabelecer um canal de diálogo direto com o futuro prefeito de Palmeira das Missões”, explica o presidente, Plinio de Oliveira Santos.
A intenção é estreitar as relações com o futuro administrador da cidade para construir expectativas não só para o funcionalismo público, mas para a sociedade como um todo. “Queremos desenvolver uma proposta de melhoria dos serviços públicos prestados em Palmeira das Missões, visando atender bem a população. Não é apenas uma questão salarial; queremos ajudar a construir uma Palmeira melhor, e o funcionalismo público tem capacidade para isso”, acrescenta opresidente.
Cinco pré-candidatos foram selecionados com base na exposição pública de seus nomes e nas manifestações feitas nas rádios locais: Claudio Mineiro, Karin Uchôa, Hélio de Carli, Eziel Serra e Evandro Massing. No entanto, Gesiel Serra e Hélio de Carli retiraram suas pré-candidaturas antes do encontro. Para a reportagem, Evandro Massing justificou sua ausência devido ao compromisso com o 42º Congresso da Famurs, em Porto Alegre.
Agricultura e infraestrutura
Os candidatos enfatizaram a importância de melhorias nas estradas e a necessidade de apoio aos agricultores locais. A manutenção e melhoria das vias rurais foram destacadas como essenciais para garantir o escoamento da produção agrícola e melhorar a qualidade de vida no campo.
Karin Uchôa ressaltou a valorização da pequena propriedade e a necessidade de priorizar o agronegócio, que é o motor econômico da região. “Nós acompanhamos o trabalho das políticas públicas desenvolvidas aqui no município. A valorização da pequena propriedade tem que ser revista. As condições para que o agronegócio seja desenvolvido precisam ser prioritárias. Palmeira, hoje, é uma cidade praticamente que tem o agronegócio como carro-chefe”, afirma a candidata. Ela também criticou a falta de conhecimento técnico por parte dos gestores da Secretaria de Agricultura, enfatizando a necessidade de profissionais qualificados para a pasta. “A falta de um olhar técnico e de investimentos específicos para a Secretaria de Agricultura é algo que precisamos corrigir imediatamente”, ressalta Karin.
Claudio Mineiro abordou a falta de atenção à Secretaria de Agricultura e a necessidade de investimentos. “Nós sabemos que nos últimos anos não tem sido dada a prioridade e o olhar para a Secretaria da Agricultura. O orçamento da Secretaria Municipal de Agricultura deveria ser um dos maiores, porque o nosso município necessita que sua economia caminhe pelo trabalhador do campo”, explica Mineiro. Ele também ressaltou a importância de melhorar as estradas para facilitar o trabalho dos agricultores. “As condições das estradas rurais são um reflexo do abandono que a área agrícola tem sofrido. Precisamos garantir que os agricultores possam escoar sua produção com segurança e eficiência,” acrescentou o candidato.
Educação
A educação foi um dos pontos centrais do debate, com ênfase nas questões do transporte escolar, piso salarial dos professores e a necessidade de melhorias nas creches da cidade.
Karin Uchôa abordou a precariedade do transporte escolar e a falta de diálogo com os profissionais da educação. “Primeiramente, quero dizer que o transporte escolar não é um problema de hoje, ele transcende muitos anos. Precisamos dar dignidade àquelas pessoas que necessitam do transporte. Hoje, recebemos alunos que saem de suas residências às 5 da manhã para iniciar aulas às 8 horas. Temos micro-ônibus que pingam dentro, que não abrem as portas e, quando abrem, não fecham. Temos heróis operando máquinas que não ligam piscas, que não têm seguros, que não têm documentação em dia e que não têm sequer segurança," afirmou Karin. Ela também destacou a falta de vagas nas creches e a necessidade de respeitar os direitos dos professores e monitores.
Claudio Mineiro criticou a precariedade do transporte escolar e a falta de investimentos na educação. “Os experimentos que a gente tem feito e as experiências vividas na educação do município de Palmeira das Missões são as mais tristes possíveis. Se chegar uma fiscalização séria, embarga a viagem de 90% dessa frota desastrosa e irresponsável que está por aí. Porta de ônibus atada com borracha, motorista sendo forçado a dirigir de qualquer forma. Falta carro decente para fazer o trabalho. Carros que há tempo não passam pela perícia estão aí levando os alunos de modo irresponsável”, critica Claudio Mineiro. Ele também abordou a questão das creches, destacando a falta de vagas e a necessidade de investimentos.
Saúde
A saúde pública no município foi outro tema relevante do encontro. Os candidatos discutiram a interdição que há anos afeta o Hospital Público Regional de Palmeira das Missões (HPR), o atendimento hospitalar do Hospital de Caridade, a disponibilidade de medicamentos e exames especializados, bem como o fluxo de encaminhamentos para consultas especializadas.
Karin Uchôa criticou a gestão atual pela falta de investimentos e priorização na saúde. “A saúde precisa ser revista e humanizada de maneira séria e responsável, deixando de inaugurar obras que no outro dia estão de portas fechadas e dando prioridade ao atendimento humano. Os médicos precisam de salários dignos, e a estrutura hospitalar precisa ser eficiente. O HPR deve ser o carro-chefe de qualquer administração”, afirma a candidata. Ela enfatizou a necessidade de um atendimento mais humanizado e eficaz, destacando a precariedade das condições atuais.
Claudio Mineiro abordou a falta de estrutura e a má gestão dos recursos na saúde. “O estado da saúde do município é tão preocupante quanto o da educação. Os servidores na saúde são a peça-chave para a efetivação de políticas públicas e precisam ser respeitados e valorizados. A intervenção no hospital deveria ter resolvido o problema pontual, mas se arrasta desde 2013. O município precisa cuidar da atenção básica, descentralizar o atendimento nas farmácias e garantir que os pacientes sejam bem atendidos”, afirma Mineiro. Ele ressaltou a necessidade de uma gestão mais eficaz e transparente dos recursos públicos para garantir um atendimento de qualidade.
Funcionalismo Público
Os candidatos também abordaram questões críticas relacionadas ao funcionalismo público, destacando a importância de valorização e melhores condições de trabalho para os servidores municipais.
Claudio Mineiro falou sobre a defasagem salarial histórica enfrentada pelos servidores municipais. “A defasagem que nós temos nos servidores, ela é histórica a ponto de nem o mínimo, o que está na Constituição Federal, os prefeitos não repassarem aos servidores. Prefeito dessa gestão e de gestões anteriores, por exemplo, se nós pegarmos os servidores da Câmara de Vereadores, eles não têm defasagem porque todos os anos a câmara de vereadores deu no mínimo a correção da inflação, então eles estão tranquilos, os servidores do município não, têm uma perda muito grande. Quando tem o seu salário defasado, o seu poder de compra diminui, o seu poder de barganha no comércio, no banco, seja onde for, diminui,” explicou Mineiro.
Ele também criticou a reclassificação salarial dos servidores. “Uma outra questão que é muito importante falar é o fiasco da reclassificação. Gente, é inadmissível que nós tenhamos servidores que ganham menos de um salário mínimo, e o mais inadmissível ainda é saber que quem governava até dias atrás se dizia ser pelo trabalhismo e quem governa hoje se diz dos trabalhadores. Isso é um protesto a mais espantado. Eles deveriam cuidar dos trabalhadores, mas estão se lixando para os trabalhadores. Ofereceram um plus, uma bonificação de R$180 para os monitores até o final do ano. Ninguém recebeu R$180, ninguém consegue explicar a folha. Uns receberam R$17, R$90, ninguém recebeu R$180 reais após a reclassificação. Quem ganhou mais foi até R$1.366. O salário é R$1.412”, diz o candidato.
Karin Uchôa abordou a importância de um estudo sério e de um diálogo aberto com os servidores públicos. “Quando nós falamos em funcionalismo público, falamos em concurso público e dignidade. Esse governo não fez concurso público, são contratos e mais contratos. Não teve arrecadação por FAPS. Como ficarão a situação dos concursados? Quando falamos aqui em regime jurídico único e na Lei 001 de 2005, falamos também na Lei 002, e aqui está a chefe de gabinete do então prefeito, Alecrides Santana de Moraes, que teve a seriedade de fazer essa lei que até hoje não foi atualizada,” afirmou Uchôa.
Ela também criticou as condições insalubres de trabalho na prefeitura e a falta de diálogo com os funcionários. “Temos hoje há mais de seis meses funcionários trabalhando em casa, porque o prédio da prefeitura não apresenta condições dignas de atendimento e recebimento do povo. Quero dizer que quando pensou no regime jurídico único e na lei aqui tão importante para o funcionalismo público, se pensou em dar um pouco de dignidade e afago aos servidores municipais,” destacou a candidata.
Ambos os candidatos se comprometeram a rever as leis e os artigos que afetam os servidores públicos, garantindo melhores condições de trabalho e valorização dos profissionais. A necessidade de um diálogo aberto e transparente com todos os setores do funcionalismo público foi destacada como essencial para a construção de um futuro mais justo e digno para os servidores municipais.