Palmeirenses atuam na linha de frente nas enchentes do Rio Grande do Sul
10/05/2024
Nas cidades atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, a presença de palmeirenses na linha de frente é uma demonstração de solidariedade e compaixão. Diante da magnitude da tragédia, esses indivíduos decidiram agir, levando esperança e auxílio às comunidades afetadas.
Fernando De Dordi Fontella, Cláudio Giacometti, Rodrigo Chagas, Ederson Henz e Leonardo Cecon são apenas alguns dos muitos palmeirenses que se mobilizaram para ajudar. Para eles, a distância física não foi um obstáculo para sentir o peso da dor que assolou tantas famílias. "Nos conversamos entre nós mesmo e deficimos ir para Cruzeiro do Sul, pois a família Henz é do município. Levamos mantimentos arrecadados pelo grupo de escoteiros Sentinelas da Palmeira", diz Fontella.
O grupo está auxiliando no resgate dos cruzeirenses e relatam que a maioria dos resgates vem sendo realizados pela própria população, com pouco auxílio da força civil, bem como da Defesa Civil. "São imagens de guerra. Parte da cidade não existe mais e a comoção é enorme. Mas o povo é guerreiro aqui e vão superar tudo isso. Mais de 90% dos resgates foram feitos pelos próprios moradores e por voluntários. Os próprios moradores estão organizando os centros de arrecadação e distribuição de doações", complementa Fontanella.
Outro palmeirense que está atuando é, Guilherme Tonello, que com um grupo de Palmeira das Missões levou as doações do Trilheiros Voando Baixo e Assembleia de Deus para a cidade de Putinga. A ida até o município foi limitada, segundo Tonello, havia muitos entulhos no asfalto e ruas destruídas. "O acesso a Putinga estava limitado, pois houve desmoronamento. Muito entulho no asfalto e um enorme cratera que se abriu. As ruas principais da cidade totalmente destruídas, diversas casas foram levadas inteiras e o calçamento arrancado em boa parte. As pontes danificadas e uma limitação enorme de tráfego, pois praticamente todas as ruas foram afetadas."
Em relação a população, Tonello destaca que os moradores de Putinga estavam extremamente abalados emocionalmente. "Quando nos viram chegando com água, roupas e alguns mantimentos, ficaram muito emocionados e agradecidos", diz. O voluntário ainda conta que ouviu relatos de que as famílias estavam fervendo a água da chuva pra beber. "ouvimos relatos como: “desde quarta que não tomava um copo de água limpa”".
O grupo ainda foi para o interior da cidade, onde encontraram pedaços de asfalto levados inteiros embora, bem como muitos animais mortos. "Muitos animais, como vacas por exemplo, que morreram afogados amarrados nas estrebarias. Cenas de guerra", finaliza Tonello.
Além dos voluntários nas frentes de resgate e assistência humanitária, há também aqueles que se dedicam aos cuidados dos animais afetados pela tragédia. A médica veterinária, Roelem Gehlen e zootecnista, adestradora e apaixonada por cães, Suele Bueno são alguns dos exemplos de palmeirenses que estão atuando nessa linha de frente.
Roelem vive hoje em Porto Alegre, e atualmente está envolvida na realização dos resgates e acomodações dos animais em ONGs e pavilhões. "Recebemos muitas doações de ração, antipulgas e medicamentos. Aqui, realizamos a triagem dos animais, curativos e administração de medicamentos. Quando necessário, priorizamos os animais mais gravemente feridos para fornecer o melhor suporte possível", diz a médica veterinária.
De acordo com Roelem são inúmeros os animais que já foram resgatados, mas ainda há muitos outros que precisam de salvamento. "Felizmente, há muitas pessoas dispostas a ajudar, incluindo diversos voluntários e médicos veterinários que estão fazendo o máximo por eles. É uma vida em jogo. Nós estamos aqui por eles e também pelas pessoas, é claro", enfatiza.
Uma das pessoas que vem levantando campanhas em prol dos animais é Suele. Impulsionada por sua própria experiência, ela decidiu fazer a diferença. "Considerando esses anjinhos, decidi começar pedindo ajuda aos meus clientes, amigos e colegas para poder doar ração", ela diz. Utilizando as redes sociais, especialmente o Instagram, ela iniciou uma campanha de arrecadação na região. A resposta foi além das expectativas. "As pessoas estão me ajudando muito, colaborando, estabelecendo pontos de coleta e até mesmo buscando rações", diz Suele.
Desde o início da campanha, já foram enviados 280 kg de ração para Canoas, com mais 300 quilos recentemente recebidos de Frederico Westphalen. No entanto, para ela, o trabalho está longe de terminar. "Continuaremos com essa campanha durante todo o mês, arrecadando alimentos e água especificamente para os animais, pois eles estão precisando muito", afirma.
Para ela, a campanha vai além do aspecto material. É uma questão de dar voz aos que não têm. "É um sofrimento que todos compartilhamos", reflete. "Devemos oferecer e falar todos os dias até que as pessoas entendam que os animais também merecem ser ajudados, merecem atenção, merecem encontrar uma nova família ou reencontrar a antiga", finaliza Suele.