Os processos da amamentação e seus inúmeros benefícios

04/08/2023

Entre os dias 1º e 07 de agosto, comemora-se a Semana Mundial de Aleitamento Materno, no mês dedicado às ações que visam estimular o aleitamento materno e a promover informações acerca da importância da amamentação, o Agosto Dourado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), por ano, cerca de seis milhões de vidas são salvas por causa do aumento das taxas de amamentação exclusiva até o sexto mês de idade.

Amamentar, além de prover o melhor alimento para o recém-nascido, contribui para o seu desenvolvimento e crescimento saudáveis. O leite materno é considerado melhor alimento que um bebe pode ter e traz benefícios à saúde não só para a criança, mas também para as mães. É nele que estão contidas todas as proteínas, vitaminas, gorduras, água e os nutrientes necessários para o saudável desenvolvimento dos bebês.

De acordo com a pediatra, Mariana Foresti, o leite materno não é apenas um alimento, é um fluido vivo, que se modifica no decorrer dos dias e da fase de vida do bebê. “O leite da mãe de um bebê de dois meses difere do leite da mãe de um bebê de seis meses, porque as necessidades dos bebês mudam. Inclusive, o leite se modifica até mesmo se o bebê adoece. Para a mãe, amamentar também reduz o risco de muitas doenças, entre elas o câncer de mama. ” - explica.

Foresti defende a importância do aleitamento prolongado, mesmo após a introdução de outros alimentos da vida da criança. “Seguir amamentando mesmo após a introdução dos alimentos até dois anos ou mais, dentro se suas possibilidades. Até um ano o leite materno é o principal alimento, estando a frente dos alimentos. Após um ano de idade a alimentação complementar passa a ter maior importância, mas o leite materno segue sendo indicado até quando for bom para a mãe e para o bebê. ” – pontua a pediatra.

Já, a professora doutora em Enfermagem da UFSM - Palmeira das Missões, responsável pela coordenação do projeto de extensão em Consultoria do Aleitamento Materno, Giovana Dorneles Callegaro Higashi, defende que conhecer os benefícios do aleitamento materno é importante para a mãe e a criança.

“Além dos bebês, as mães também são beneficiadas pela prática da amamentação, por exemplo, permite que a recuperação do parto seja mais rápida, reduz os riscos de hemorragia pós-parto e de anemia materna, reduz a incidência de cânceres de mama, endométrio e ovário, auxilia na aceleração da perda de peso depois do parto e aumenta a confiança e a autoestima da mulher” – disse Giovana.

A especialista ainda comenta que o ato de amamentar protege a criança contra diversas doenças. “ O aleitamento fortalece o sistema imunológico, pois o leite é rico em anticorpos, e, proporciona melhor desenvolvimento e crescimento, ele fornece todos os nutrientes adequados, além de estimular e fortalecer a arcada dentária, facilita a digestão e minimiza as cólicas, também diminui os riscos de desenvolver problemas relativos à alimentação, como a desnutrição e obesidade e intensifica o laço afetivo entre a mãe e o filho. ” – destaca a professora.

Acolhimento às mães: o que fazer quando uma mãe não consegue amamentar?

O Agosto Dourado é o período do ano para a campanha de incentivo e promoção ao aleitamento materno. No entanto, é importante destacar os motivos que impedem ou dificultam a amamentação e que interferem muitas vezes na saúde mental de mulheres.

Mesmo reconhecendo que amamentar é importante para mães e bebês, cada mulher tem suas particularidades. Por isso, precisamos assegurar que, aquelas com dificuldades durante o aleitamento, tenham acesso a alternativas, com total apoio e acolhimento.

A pediatra, Mariana Foresti, explica que as causas que interferem no aleitamento materno podem envolver situações fisiológicas, sociais e emocionais.

“A amamentação pode não ser fácil de iniciar, e muitas mulheres apresentam dificuldades, seja pela baixa produção ou pela pega incorreta do bebê. Por isso, uma consulta em amamentação pode ser de grande importância. ” – relata.

A amamentação não depende só da mulher, por isso é fundamental uma rede de apoio. “Se informe muito no pré-natal, não tenha receio em pedir ajuda profissional. Procure uma consultora qualificada e mantenha a calma. ” –  orienta a pediatra.

A mãe de primeira viagem, Deisi Patricia Volpatto, apresentou algumas dificuldades na hora da amamentação. “Tem dias difíceis no início do puerpério até o bebê pegar bem o peito, tem que ter muita paciência, apoio e resiliência” – observa Deisi.

Esse é um dos motivos para seguir amamentando. “Além de todos os benefícios que a amamentação proporciona para bebê e para a mãe é o nosso momento meu e da minha filha é o nosso vínculo mais profundo de amor e carinho” – reflete.

Superando os desafios iniciais, o apoio familiar foi fundamental para Deisi seguir o processo de amamentação. “Antes do parto realizei uma consultoria de amamentação que me ajudou muito. Durante e após o parto tive o apoio do nosso obstetra e pediatra. Meu marido, Gustavo, esteve o tempo todo ao meu lado me apoiando e me auxiliando no que eu e minha filha precisávamos, isso foi muito importante para que eu tivesse sucesso com a amamentação” - analisa.

Segundo a enfermeira obstétrica, Alexandra de Assis Aragonez, muitas mães sentem dificuldades com a amamentação, principalmente nos primeiros dias de vida do bebê. Por isso, é importante ter uma boa rede de apoio, entre parentes e provedores de saúde.

“Durante os atendimentos as mães, o que posso observar na maioria das vezes, é o medo de seu filho não estar recebendo a quantidade de leite necessária para o seu desenvolvimento. Outra situação comum é várias pessoas com opiniões e conselhos diferentes, deixando a mãe mais insegura sobre seu poder de produzir leite. ” – comenta a enfermeira.

A intercorrência mais comum durante a amamentação é a fissura no mamilo causada por posicionamento incorreto do bebê, freno na língua, ou até mesmo algumas bombas extratoras de leite. 

Ela orienta uma avaliação médica para que intervenções precoces sejam realizadas, evitando dor crônica e desmame precoce.

“As orientações preventivas são feitas na maternidade e incluem avaliação da mamada, correção da pega e avaliação da língua pelo pediatra. Investir em conhecimento antes do seu filho nascer vai fazer a diferença na hora de amamentar, pesquise, peça ajuda a sua médica, pediatra, enfermeira, consultora em amamentação, profissionais da área da saúde que vão conseguir te ajudar neste momento. ”- afirma.

A enfermeira conta como superar as dificuldades na hora da amamentação. “O mais importante é acreditar em você. Se com todas as informações e ajuda você ainda não conseguir amamentar, procurar o pediatra e juntos organizem a introdução da fórmula adequada para idade da criança, a dosagem correta e os horários. ” – conclui Alexandra.

Foto: Mariana Dal Forno