O fim de um sonho

06/07/2019



Foi muito festejada a decisão da instalação de uma unidade de uma da maiores indústrias de alimento a nível mundial em Palmeira das Missões. O governo municipal cumpriu todas as exigências da DPA/Nestlé, desde a área de interesse da empresa, como recorda o ex-prefeito Celso Valduga, “foram ofertadas várias áreas nos mais diversos locais do município até a definição do local, ao governo municipal a empresa se comprometeu à operacionalização em três etapas, a primeira com o recebimento do produto e condensação para posterior transporte à unidade fabril paulista, a segunda previa a produção de leite em pó e uma terceira seria uma linha de alimentos diversificadas com base em soja, aveia e outros produtos agrícolas de produção regional”. O ex-prefeito lamenta a decisão da empresa em abandonar o município.
A Nestlé, que raramente se relacionava com a comunidade e imprensa, se limitou a comunicar ao prefeito Eduardo Freire na última segunda-feira (01) que a partir daquele dia encerrava suas atividades na unidade fabril local.

Posicionamento Nestlé - Palmeira das Missões
A Nestlé decidiu encerrar a atividade de recebimento de leite em seu posto localizado em Palmeira das Missões (RS). Esse trabalho será absorvido pela unidade de Carazinho, no mesmo Estado. A medida visa otimizar a logística, alcançar maior flexibilidade para o transporte da matéria-prima e, consequentemente, maior eficiência de suas operações em um segmento de alta competitividade.
Será mantida a compra de leite dos atuais 127 fornecedores que possuem propriedades em Palmeira das Missões ou nas proximidades do município, com a captação média de cerca de 100 mil litros/dia.
A empresa oferecerá o apoio necessário aos 18 funcionários que serão desligados em função do encerramento das atividades no posto de Palmeira das Missões. Na cidade, manterá ainda os trabalhos de preservação e manutenção da unidade para futura venda ou locação.

O prefeito Eduardo Freire, disse à nossa reportagem:
O fechamento não foi exatamente uma surpresa, pois nos últimos 3 anos a empresa vinha diminuindo suas operações na Unidade de Palmeira. A prova disse é que a capacidade de processamento de leite diária é de até 2 milhões de litros e estavam ultimamente processando 100 mil litros, cerca de 5%. Também é importante salientar que contavam apenas com 18 colaboradores em uma unidade avaliada em 100 milhões de reais. Em virtude desse cenário, vínhamos fazendo reuniões tanto com a direção regional da Nestlé como também com outras empresas do ramo que tivessem interesse em assumir esta unidade, pois há cerca de um ano atrás nos comunicaram que pretendiam negociar a unidade. Os motivos eram a crise no leite, a saída da empresa da compra direta do leite e a proximidade da planta de Carazinho. Quando da instalação da planta de Palmeira, devido a divulgação realizada e os valores propostos para investimentos foi gerado uma expectativa enorme que nunca se concretizou. O plano era a implantação de três etapas, as duas últimas que visavam a industrialização nunca prosperaram. A previsão de 500 vagas diretas nunca passou de 60 vagas. Mesmo assim, quando operou bem, foi muito importante para o Município principalmente no valor adicionado de ICMS. Por quatro ou cinco anos foi uma das unidades com melhores resultados da empresa no Brasil. O que consideramos como fator decisivo para o insucesso foi a aquisição da unidade da antiga Parmalat em Carazinho. A partir disso os planos de industrializar em Palmeira ficaram no papel em virtude de Carazinho ter uma planta pronta para isso. No momento esperamos que a Nestlé tenha compromisso social com o Município considerando os incentivos públicos que recebeu e facilite a negociação para que outra empresa do ramo assuma a unidade aqui localizada. Estamos aguardando agenda com o Presidente da Nestlé. Nesse momento estamos organizando uma Comissão com a participação da Secretaria Estadual de Agricultura, Governador do Estado, Deputados com influência na área do Agro. Essa Comissão terá como objetivo viabilizar a abertura da unidade através de outra empresa láctea.

FOTO ARQUIVO/TP