Dias dos Pais: Tal pai, tal filha até na carreira

07/08/2020

Essa é uma das frases mais ouvidas por pais e filhos não importa a época da vida em que seja expressa. Quando são crianças, os filhos têm nos pais o maior exemplo a seguir. Eles repetem gestos e palavras, sempre buscando serem iguais àqueles que os inspiram. O pai se transforma no herói de suas vidas e exercem tanta influência, que há filhos que ao crescerem acabam seguindo o mesmo caminho. E não importa o percurso, mesmo tendo incentivado ou sendo por vontade própria dos filhos, entre os pais um sentimento é unânime, no fim das contas: orgulho.

Eles têm o mesmo DNA, o mesmo sobrenome e também a mesma carreira. Em muitas famílias, os pais deixam como herança o amor pela profissão. E para celebrar o dia dos pais no próximo domingo, 09, a reportagem da TP vai contar a história da filha que se inspirou em seu pai e resolveu seguir os mesmos passos dele.

Coadjuvante nos primeiros momentos de vida, todo pai sonha em ter papel de destaque na história de um filho. Ivo Altamir Albiere, de 60 anos, bombeiro militar, teve tal privilégio. E neste fim de semana de Dia dos Pais, mesmo aposentado há mais de um ano, ele tem a honra de contar que completou 37 anos de profissão, sendo seis deles trabalhando ao lado da filha, Josiane. Ainda que alguns anos de idade os separem, ambos compartilham o mesmo amor pelo trabalho que escolheram no Corpo de Bombeiros de Palmeira das Missões, são bombeiros e torcedores do Grêmio.

"Foi muito emocionante ver minha filha mais velha seguindo a carreira militar no Corpo de Bombeiros, onde ela desde pequena já demostrava interesse pela profissão, assim realizou um sonho que também era dela. Minha alegria foi ainda maior quando ela conseguiu trabalhar em Palmeira das Missões e no ano de 2018 obteve sua ascensão profissional na graduação de 2° sargento. Ter tido a oportunidade de exercer a profissão juntamente com minha filha e meu genro Roberto foi muito gratificante”, orgulha-se o sargento ao falar de sua filha.

Formada no Curso de Serviço Social em 2009, Josiane Albiere não desistiu de seguir a carreira do pai. “A trajetória não foi fácil, mas o destino se encarregou da realização desse sonho”, disse a bombeira.

Em 2009, após concluir a graduação, prestou concurso público para soldado da Brigada Militar, já que nessa época o Corpo de Bombeiros ainda estava vinculado a instituição. Mesmo aprovada no concurso, não conseguiu acesso às vagas e optou pela carreira Militar: “Percebi que era isso que queria para minha vida profissional, afinal o amor pela instituição é de família, neta de policial militar, sobrinha e afilhada de policiais e com muito orgulho de minha prima mais velha que optou por seguir essa carreira”, contou.

Na época, a soldado frequentou o curso de formação de Policial Militar e trabalhou por três anos com policiamento, sem nunca esquecer o sonho de ser Bombeira Militar. Com o incentivo do pai, em 2012, Josiane e o esposo Roberto Faotto, prestaram concurso público especifico para o Corpo de Bombeiros, sendo aprovados e concluindo a graduação no ano seguinte. No mesmo ano, ambos iniciaram suas carreiras no Quartel de Bombeiros de Palmeira das Missões, realizando o sonho que também era do pai, o Sargento Albiere, teve a oportunidade de trabalhar ao lado da filha e do genro.

Sobre salvar pessoas

Ivo Altamir Albiere, pai da Soldada Josiane, é sargento aposentado do Corpo de Bombeiros de Palmeira das Missões. Hoje na reserva, conta que é feliz por sua filha continuar na profissão a qual dedicou sua vida. Em 1882, Ivo, que é natural de São Francisco de Assis, ingressou no Corpo de Bombeiros na cidade de Santa Maria e, posteriormente, em 1883 fui transferido para Palmeira das Missões. “Palmeira é a cidade em que constitui minha família e exerci minha profissão por 36 anos”, revelou.

Em dezembro de 2006, o soldado obteve sua promoção ao cargo de 3º Sargento Bombeiro Militar. Ingressou na reserva remunerada em julho de 2010 e em outubro do mesmo ano passou a integrar o Corpo Voluntário de Militares Inativos, onde permaneceu desempenhando serviços administrativos até abril de 2019.

Em 37 anos como bombeiro militar, Albiere passou por muitas situações marcantes e que fizeram parte de sua história. Uma delas, ocorreu no final de sua carreira quando estava trabalhando no administrativo da corporação, quando um casal chegou no quartel pedindo ajuda. “Eles chegaram com uma criança com poucos meses de vida, que havia se engasgado com leite materno. De imediato realizei a manobra de Heimlich em bebê, o que fez com que a criança volte a respirar, sendo conduzida pela guarnição de socorro ao hospital para atendimento médico. Só o fato de você poder ajudar as pessoas já é gratificante, atuar em uma ocorrência de salvamento te traz mais vontade de seguir em frente com dedicação e comprometimento”, afirmou.

A escolha da soldada por sua profissão nasceu no quartel, quando acompanhava o pai ao trabalho. “Desde pequena acompanhava meu pai em algumas rotinas de trabalho, parte de minha infância foi dentro da corporação, gostava de visitar meu pai em seu trabalho, e sempre o acompanhava nos tradicionais desfiles de sete de setembro e datas comemorativas como a do Dia do Bombeiro. Sempre tive meu pai como um Herói, nas atividades escolares me orgulhava em contar que meu pai era Bombeiro. Lembro da preocupação enorme que sentia quando ele se deslocava para ocorrência, por residir próximo ao quartel ouvia a sirene do caminhão e não sossegava enquanto não falasse com ele. Tinha curiosidade em saber das ocorrências atendidas, adorava me vestir com a farda do meu pai, até que um dia ganhei minha primeira farda, feita com o tecido de uma farda usada dele”, descreveu.

Ao longo do tempo, a admiração pelo pai só cresceu, bem como a vontade de ser uma grande profissional e salvar vidas assim como ele. “Agradeço a Deus, a minha família e em especial ao meu Herói, por todo amor, ensinamentos e apoio. Obrigado por tudo, pai, espero ainda trazer muito orgulho e poder continuar esse o seu legado”, finaliza.

Em 2018, a soldado Josiane concluiu o Curso Técnico em Segurança Pública, o que fez sua carreira ascender chegando ao nível médio do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul, na graduação de 2º Sargento da Corporação.

E esse amor pela profissão que passou de pai para filha, continua a se multiplicar. A irmã mais nova, Kauane, hoje aos 15 anos, também pretende seguir a carreira de bombeiro. Segundo Josiane, a trajetória do pai inspira também a neta, que aos três anos de idade já usa sua primeira fardinha e é apaixonada pela profissão do avô. No DNA da família Albiere, além do mesmo sobrenome também carregam a mesma missão, a de salvar e proteger vidas.

Carine Zandoná Badke/TP