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Após saída de município do plantão, direção do HC se manifesta sobre o que tem feito para qualificar o atendimento

O município de Lajeado do Bugre deixou de utilizar os serviços de plantão de urgência e emergência do Hospital de Caridade de Palmeira das Missões e firmou convênio com o Hospital Comunitário de Sarandi, administrado pela Associação Hospitalar Vila Nova, de Porto Alegre. A medida está em vigor desde o dia 1º de agosto.

Em vídeo divulgado nas redes sociais da prefeitura, o vice-prefeito e secretário da Saúde, Maico de Lima, afirmou que os moradores passam a ter outra referência em atendimentos de urgência e emergência devido a mau atendimento no HC. “As melhorias a gente pedia há anos no atendimento. Eles têm só um médico de plantão para urgência e emergência e para atender os leitos, aí não atende, demora e dá fila. Assim a gente achou melhor por sair neste primeiro momento”, ressaltou Maico em entrevista à Tribuna.

Ele também informou que os atendimentos de pediatria, obstetrícia e traumatologia continuam sendo realizados em Palmeira das Missões.

Direção do hospital contesta decisão e afirma que estrutura foi ampliada

Diante do anúncio, a Diretora administrativa do Hospital de Caridade de Palmeira das Missões, Tatiana Silva da Silva, comentou sobre a autonomia dos municípios em relação às suas referências e expressou sua insatisfação com a forma como a decisão foi comunicada.

–Todo e qualquer município tem a autonomia de solicitar o descredenciamento das suas referências. A gente entende a posição do prefeito e do vice-prefeito de Lajeado do Bugre pela saída do plantão de Palmeira das Missões. Lembrando que o município saiu apenas de algumas especialidades. Ele continua com a maternidade aqui, além das referências dos ambulatórios de especialidades. Ou seja, segue sendo atendido em Palmeira das Missões pela mesma equipe que, talvez, ontem tenha sido mencionada na fala sobre mau atendimento pela equipe de enfermagem, mas essa mesma equipe continua aqui dentro–, diz Tatiana.

A diretora também falou sobre o sentimento de frustração diante das críticas feitas à instituição. “Fiquei chateada com a forma como ele se portou em relação a isso, porque, quando você fala mal do hospital, de uma instituição que presta um serviço para 165 mil habitantes, que abrangem os 26 municípios da 15ª Coordenadoria, você não está falando mal só do HC. Você está falando também de um local que tem 240 funcionários contratados diretamente e mais de 30 médicos atuando aqui dentro”.

Tatiana ainda esclareceu que outros municípios citados, como Cerro Grande e Boa Vista das Missões, permanecem atendidos pelo plantão do hospital. “Então, o serviço do plantão foi mencionado também, citando Boa Vista, Cerro Grande e outros municípios e isso não procede. Eu liguei ontem à noite mesmo para o prefeito de Cerro Grande, para esclarecer isso. Cerro Grande permanece conosco, não saiu do plantão, assim como Boa Vista das Missões também continua conosco”.

Ela reforçou que, após uma reunião com prefeitos em 2023, o hospital passou por reestruturações importantes. “Foi a contratação de mais profissionais médicos e a ampliação da equipe de enfermagem na porta de urgência e emergência. A gente está bancando, com recurso próprio do município, há dois anos já, dois profissionais na urgência e emergência. Tem o plantonista fixo, 24 horas, e tem aquele médico de apoio das 10h às 22h, para dar suporte ao outro profissional que está ali”.

O presidente da Comissão Interventora do Hospital de Caridade de Palmeira das Missões, Izaías Malheiros, também destacou que a instituição dispõe de dois médicos para atendimento no plantão. “A partir dessas informações que chegaram para nós, que na realidade são demandas antigas sobre as demoras nos atendimentos, o hospital fez várias ações para melhorar isso, inclusive aumentando o número de médicos para agilizar o atendimento, principalmente nos casos de urgência.
Também estamos em busca de outros municípios da região que já demonstraram interesse em vir para o plantão do hospital. Assim como Chapada, estamos negociando com Dois Irmãos das Missões e outros municípios da região para fazer esse convênio via consórcio e trazer esses municípios para cá”.

Ele pontuou que ainda não houve consenso quanto aos valores de repasse dos municípios, mas que o hospital vem cobrindo os custos com recursos próprios. “Nós somos a referência para essa grande região, 26 municípios que vêm para Palmeira das Missões, da 15ª Coordenadoria, e muitos outros municípios que vêm por conta da UTI. Hoje, nós temos uma estrutura em que o hospital está investindo muito, tanto em equipamentos quanto em estrutura física. Vamos ter uma nova emergência para atender a nossa comunidade”, complementa.

O diretor técnico do HC, Dr. Onazus Suzano, também falou sobre os ajustes feitos desde 2023. “Nós conseguimos equalizar essa diferença colocando dois médicos no horário de pico. Agora quase 24 horas por dia com dois plantonistas, dois enfermeiros para emergência, um fazendo a triagem, outro atendimento”.

O doutor ainda destacou que respeita a escolha, mas questiona as críticas relacionadas ao tempo de espera nos atendimentos. “Eu, como diretor técnico, respeito a decisão, mas não concordo. Estamos aqui abertos ao diálogo. Essas queixas são antigas, de 2023, e, desde então, eu tenho certeza absoluta que melhoramos bastante no atendimento. O que eu não concordo é com a insinuação de demora, porque podemos estar ali sem nenhum paciente, e de repente chega uma emergência, chega o Samu, no qual eu trabalho, e isso demanda um bom tempo para o atendimento”, complementa.

Dr. Suzano também reafirmou o compromisso com o atendimento humanizado. “Vamos seguir trabalhando em prol da saúde financeira do hospital e na saúde mental de todos os nossos pacientes. O humanismo e o tratamento digno são valores que eu sempre cobro das equipes. Eu sempre digo que a gente tem que se colocar no lugar do paciente quando está em atendimento”.

Lideranças regionais contestam declarações e defendem continuidade do atendimento

Após a fala do vice-prefeito e secretário de Saúde de Lajeado do Bugre, os gestores municipais se manifestaram em exclusiva para a Tribuna, com o objetivo de esclarecer o vínculo com o Hospital de Caridade de Palmeira das Missões.

O prefeito de Sagrada Família, Mauro Galatto, reafirmou o compromisso com a instituição.“O nosso município Sagrada Família, vai manter a nossa porta de entrada em saúde pública, os plantões de hospital com o Hospital de Caridade de Palmeira das Missões. Estamos muito bem assistidos pela direção do hospital, através do nosso consórcio municipal de saúde, o Consim. Enquanto estiver sendo atendida a contento a comunidade da Sagrada Família, nós estaremos encaminhando os pacientes para lá. Logicamente, sempre sabendo que a demanda é grande, e que precisamos e vamos exigir melhorias no dia a dia, como a comunidade nos cobra aqui na Prefeitura Municipal, na nossa Secretaria de Saúde, no nosso centro de atendimento de saúde. Palmeira é nossa mãe, nossa porta de entrada em diversas áreas, seja na saúde, seja em outras questões administrativas. No tocante ao Hospital de Caridade de Palmeira das Missões, o município de Sagrada Família vai manter o plantão, sim, com o hospital”.

A secretária de Saúde de Boa Vista das Missões, Valdete Rocha, também se posicionou. “Não houve nenhuma tratativa para sair do atendimento em Palmeira das Missões. O hospital nunca nos deixou em situação negativa. Levamos até lá pacientes para obstetrícia e parto, bem como para o plantão de pediatria, e sempre fomos atendidos. Temos um bom relacionamento com a equipe. Nos ajudam com transportes e demais necessidades dos pacientes. Não tenho nenhuma intenção de retirar o município do vínculo com o hospital”.

Já o prefeito de Cerro Grande, Álvaro Decarli, esclareceu que o município continua vinculado ao plantão. “Foi falado numa entrevista como se nós estivéssemos saindo ou já tivéssemos saído do convênio com o Hospital de Palmeira. Na verdade, a gente não saiu do convênio do plantão, apenas saímos da Rede Cegonha, que é a rede da maternidade. Então, não procede a informação. A gente está no plantão de Palmeira e vai continuar ali. Só a Rede Cegonha não está mais. Os outros serviços continuam todos no hospital”.

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