Como um doce simples virou fonte de renda e inspiração para mulheres empreendedoras do interior do RS
Com um toque de caramelo crocante, recheio cremoso e morango fresquinho, um doce simples ganhou o coração e o celular de milhares de brasileiros. O “Morango do Amor” se tornou uma febre nas redes sociais e mudou a rotina de muitas confeiteiras de Palmeira das Missões e cidades vizinhas. Mais do que uma sobremesa, ele virou sinônimo de recomeço, criatividade e sustento para quem vive da confeitaria artesanal. A seguir, conheça as histórias de mulheres que tiveram suas vidas transformadas por essa tendência deliciosa.
Leticia Angelita Ribeiro Paz: do restaurante da família ao sucesso com os morangos
Moradora de Palmeira das Missões, Leticia cresceu entre panelas e receitas. Com pais donos de restaurante, ela aprendeu cedo a valorizar o sabor e o cuidado no preparo dos alimentos.
“Desde pequena sempre gostei de cozinhar, porque meus pais sempre tiveram restaurante. Eu sempre estava junto, mas gostava mesmo era de estar na cozinha fazendo bolos e doces. É uma tradição de família, tanto do lado da minha mãe como do meu pai. Tenho minhas tias que são doceiras, aprendi muito com elas. Na verdade, sou apaixonada pela minha profissão e, a cada dia, quero aprender mais”.
Sobre o Morango do Amor, Leticia confessa que não esperava tamanho sucesso. “A minha reação foi de curiosidade. Porque tanto sucesso nesse Morango do Amor? Para mim foi uma surpresa, não tinha noção que faria tanto sucesso, e um pouco preocupada pela dificuldade em encontrar essa quantidade de morango nessa época. Mas deu tudo certo”.
Ela destaca como a internet pode ser aliada dos pequenos negócios. “Foi positivo porque a internet viraliza muito rápido. E no caso do Morango do Amor, nos deu a oportunidade de mostrar o nosso trabalho e, com isso, adquirir mais clientes”.
Talita Schimitz Florentino Pires: um recomeço doce em São José das Missões
A poucos quilômetros de distância, em São José das Missões, Talita transformou um momento de incerteza em uma história de sucesso. “Foi quando me tornei mãe que me vi em uma encruzilhada, eu não conseguia trabalhar fora, pois tinha minha filha pequena. No primeiro aniversário dela, fiz um bolo por diversão e o pessoal gostou. Falaram que eu deveria investir nisso. Pensei: se eu começar a fazer trufas pra vender, eu poderia ficar em casa com a minha filha e também trabalhar, ter meu próprio dinheiro e independência financeira sem abrir mão dos primeiros anos ao lado da minha menina”.
O retorno foi rápido. Logo as trufas viraram ovos de Páscoa, e Talita investiu em cursos. No entanto, foi com o Morango do Amor que sua confeitaria ressurgiu. “Foi um choque. Ano passado algumas pessoas já haviam feito, mas não tinha dado esse raip. Minha confeitaria estava bem parada, tive que buscar serviço extra. Quando um dia recebi umas 20 mensagens de pessoas diferentes, algumas nem eram clientes, perguntando ‘Você não tá fazendo o Morango do Amor? Eu preciso provar!’”.
Talita fez 30 unidades, que acabaram em 10 minutos após a postagem. “Esse doce está salvando muita confeitaria que já estava por desistir, pois estavam sem pedidos”.
Nadiesca Machado Vargas da Silva: doçura que sustenta
Com 12 anos de experiência, Nadiesca viu no Morango do Amor uma oportunidade que chegou como avalanche. “Fiquei espantada com a aceitação do pessoal. Começou aos poucos e, em menos de uma semana, explodiu a procura. A produção aumentava a cada dia, e ainda assim não conseguia suprir a demanda”.
Para ela, esse movimento valorizou o trabalho das mães empreendedoras. “Contribuiu muito na renda de muitas empreendedoras, muitas mães que dependem desse ramo para ajudar no sustento da casa”.
O recado que deixa para quem quer começar é direto. “Apenas comece, com boa vontade de aprender e empreender, com as condições que tiver. Aos poucos tudo se ajeita. Capriche na divulgação, use a rede social a seu favor. E boas vendas!”.
Emily Tauani Machado Paz: docinhos que aceleram sonhos
A jovem Emily começou com brigadeiros para complementar a renda e conquistar um objetivo especial: tirar a carteira de caminhão. “Comecei fazendo brigadeiro para juntar uma grana. O orçamento estava apertado e eu adoro cozinhar. Os brigadeiros sempre fizeram sucesso nas festas da família, então decidi levar isso adiante”.
Com o Morango do Amor, tudo cresceu. “Foi incrível como algo tão simples poderia gerar tanto retorno e me ajudar não só financeiramente, mas também emocionalmente. Trouxe muita satisfação entre meus clientes e eu”.
Ela acredita que o sucesso nas redes vai além da estética. “Eles encantam com a aparência vibrante e sabor irresistível. Os vídeos virais capturam a atenção de forma instantânea. São mais que conteúdo; são emoção, criatividade, diversão.”
Seu conselho é quase uma receita. “Se jogue na pesquisa, teste receitas, peça opinião dos amigos. Crie uma identidade visual, use boas embalagens, poste fotos apetitosas, compartilhe o processo. Com dedicação e amor, as vendas vão crescer”.
Jéssica Rodrigues Follmann: tradição e afeto em cada camada
Na confeitaria Sonho de Verão, em Palmeira das Missões, Jéssica mantém viva uma tradição que começou com sua mãe. “Minha história começou há 13 anos, ajudando minha mãe na produção de tortas. Cada receita era feita com muito carinho. Hoje oferecemos uma variedade de doces, trufas, bombons e sobremesas decoradas. Nosso compromisso é sempre entregar o melhor”.
Foi sua irmã quem trouxe a novidade do Morango do Amor para a cozinha. “No começo, ficamos um pouco apreensivas sobre a aceitação desse novo produto na nossa cidade. Porém, como sempre buscamos trazer novidades aos nossos clientes, sentimos que esse era o momento perfeito para investir no morango do amor, especialmente porque poucos dias antes já estávamos produzindo as famosas maçãs do amor. Assim que fizemos a primeira postagem nas nossas redes sociais anunciando que teríamos essa delícia disponível, o resultado foi incrível!”.
Para Jéssica, as redes sociais mudaram completamente a forma como consumimos e nos relacionamos com os produtos. Elas funcionam como vitrines digitais, onde novas tendências surgem a todo momento e, muitas vezes, despertam desejos antes mesmo que a gente perceba.
O sucesso do Morango do Amor nas redes é um exemplo claro desse fenômeno. Assim como outros vídeos de confeitaria que viralizam, ele tocou em algo além do apelo visual, ativou a memória afetiva de muita gente.
Camila Luza Zanon: a confeitaria lhe escolheu
Camila Zanon, já teve um negócio de comida japonesa, mas encontrou nos doces sua vocação.
“Sempre tive uma paixão enorme pela cozinha. No início, fazia doces e comidas para os amigos. Depois abri uma tele-entrega de comida japonesa em Passo Fundo. Quando vim morar em Palmeira, há 8 anos, fiz alguns doces para conhecidos no Ano Novo e, desde aquele dia, nunca mais parei. Eu sempre digo que não fui eu que escolhi ser doceira, foi a confeitaria que me escolheu”.
O Morango do Amor, segundo ela, é mais do que moda. “É uma febre! Fico muito feliz de ver algo tão gostoso e diferente ganhar tanta visibilidade. É bom saber que um doce tão simples e saboroso conquistou tanta gente..”
Ela vê nos vídeos virais um motor de transformação. “Esses vídeos virais despertam curiosidade e fazem o público experimentar novidades. Hoje é o morango do amor, mas já tivemos outros movimentos parecidos, e isso é ótimo para manter a confeitaria sempre se reinventando”.
O segredo?
“Capriche nos detalhes. Invista em você e no seu trabalho. Isso faz toda a diferença”.
Mais do que um doce, um símbolo de esperança
O que começou com um morango, uma camada de brigadeiro e uma casquinha crocante de caramelo, rapidamente se transformou em algo maior, uma onda de esperança para dezenas de confeiteiras. O Morango do Amor não apenas aqueceu os fornos, mas também reacendeu sonhos, movimentou pequenos negócios e trouxe dignidade para quem já pensava em desistir.
Por trás de cada receita há uma história de superação, de mulheres que encontraram na cozinha não só uma profissão, mas uma forma de viver com propósito.
Essas confeiteiras mostraram que, com coragem, dedicação e uma boa pitada de carinho, é possível transformar qualquer tendência passageira em uma oportunidade real de mudança.
Porque, no fim, o ingrediente mais valioso de todos, aquele que não aparece na vitrine, mas que dá gosto a tudo, é o amor. E ele continua sendo servido, todos os dias, em forma de morango, brigadeiro e esperança.